20 de dezembro de 2015

O inteiro é feito de todas as partes

“(...) Nem tudo é dias de sol,
E a chuva, quando falta muito,
pede-se.
Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente,
como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E que haja rochedos e ervas...
O que é precirso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer,
lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo
e é bela a noite que fica...
Assim é
e assim seja...”
Alberto Caeiro 



4 de dezembro de 2015

Verdades

É preciso ser TODO sincero. Sem coisas escondidas, nem meias verdades. Sê inteiro. Não importa se está lavando a louça, roçando o mato, ou fazendo amor com outra pessoa. Seja inteiro! Entregue! Transparente.

É a falta disso que machuca as pessoas. Se você realmente quer seguir um caminho de se relacionar sem ferir ninguém, que (supostamente) você gosta, compartilhe mesmo a verdade. E tudo que acontecer com você, será verdadeiro também.
Será mais fácil estar em paz. Menos coisas pra encher a cabeça. Pra ficar matutando ou qualquer coisa assim.
Não precisa desdenhar ou ser menos amoroso e gentil para que ninguém se envolva. O envolvimento já existe no momento em que houve qualquer interesse. Pode ser que dure pouco. Mas é inteiro! Todo! cheio! Entregue! Verdadeiro.
E sim! As coisas mudam! As pessoas mudam! Tudo que acontece a cada momento, já nos faz diferente do momento anterior! Não é possível permanecer igual. Nem por dentro, nem por fora! É a verdade da Natureza! Uma eterna impermanência! Toda decisão de se estar perto ou longe, junto ou separado está imersa em um Universo impermanente.
E quando a escolha é caminhar, viver, se relacionar, observando tudo ao redor a partir das auto oberservações, não é necessário agir sempre com os primeiros impulsos. Um padrão de comportamento. Um acesso de desejo. Uma ilusão dos sentidos. É possível simplesmente observar a impermanência não só do que está fora, mas também do que nossos sentidos nos levam a crer. A mente nos conduz a um padrão de ação e reação. De percepção da realidade. Como se tivessemos que agir sempre daquela mesma forma.
Não deixe só a mente conduzir. Só os sentidos, desejos, impulsos te guiarem. Permita-se perceber e ficar nesse lugar por um momento. Só percebendo. Sem precisar reagir de uma forma padrão ja conhecida.
Pare. Escute. Silencie fora, para conseguir silenciar dentro. Largue todas as coisas. Todos os estimulos aos sentidos. Experimente só perceber seu corpo, os pensamentos que vem. Deixe eles virem e irem embora. Não se identifique com nenhum pensamento, nenhuma sensação. Só observe e perceba que essas coisas também vão passar. Também são impermanentes.

7 de julho de 2015

O mar - O amar

(?) Azul ou verde ou roxo

Azul, ou verde, ou roxo quando o sol
O doura falsamente de vermelho,
O mar é áspero (?), casual (?) ou mol(e),
É uma vez abismo e outra espelho.
Evoco porque sinto velho
O que em mim quereria mais que o mar
Já que nada ali há por desvendar.
Os grandes capitães e os marinheiros
Com que fizeram a navegação,
Jazem longínquos, lúgubres parceiros
Do nosso esquecimento e ingratidão.
Só o mar às vezes, quando são
Grandes as ondas e é deveras mar
Parece incertamente recordar. Mas sonho...
O mar é água, é água nua,
Serva do obscuro ímpeto distante
Que, como a poesia, vem da lua
Que uma vez o abate outra o levanta.
Mas, por mais que descante
Sobre a ignorância natural do mar,
Pressinto-o, vasante, a murmurar.
Quem sabe o que é a alma ? Quem conhece
Que alma há nas coisas que parecem mortas.
Quanto em terra ou em nada nunca esquece.
Quem sabe se no espaço vácuo há portas?
O sonho que me exortas
A meditar assim a voz do mar,
Ensina-me a saber-te meditar.
Capitães, contramestres - todos nautas
Da descoberta infiel de cada dia
Acaso vos chamou de igonotas flautas
A vaga e impossível melodia.
Acaso o vosso ouvido ouvia
Qualquer coisa do mar sem ser o mar
Sereias só de ouvir e não de achar?
Quem atrás de intérminos oceanos
Vos chamou à distância ou quem
Sabe que há nos corações humanos
Não só uma ânsia natural de bem
Mas, mais vaga, mais sutil também
Uma coisa que quer o som do mar
E o estar longe de tudo e não parar.
Se assim é e se vós e o mar imenso
Sois qualquer coisa, vós por o sentir
E o mar por o ser, disto que penso;
Se no fundo ignorado do existir
Há mais alma que a que pode vir
À tona vã de nós, como à do mar
Fazei-me livre, enfim , de o ignorar.
Dai-me uma alma transposta de argonauta,
Fazei que eu tenha, como o capitão
Ou o contramestre, ouvidos para a flauta
Que chama ao longe o nosso coração,
Fazei-me ouvir , como a um perdão,
Numa reminiscência de ensinar,
O antigo português que fala o mar!

Fernando Pessoa

 

13 de novembro de 2013

Palavras de outro em mim...

Forjando a armadura
(Rudolf Steiner)
Nego-me a submeter-me ao medo
Que me tira a alegria da minha liberdade
Que não me deixa arrriscar nada.
Que me torna pequeno e mesquinho, que me amarra,
Que não me deixa ser direto e franco, que me persegue
Que ocupa negativamente a minha imaginação,
Que sempre pinta visões sombrias.
No entanto não quero levantar barricadas por medo do medo
Eu quero viver e não quero encerrar-me.
Não quero ser amigável por medo de ser sincero
Quero pisar firme porque estou seguro, e não para encobrir o meu medo.
E quando me calo quero fazê-lo por amor e não por temer as
conseqüências de minhas palavras.
Não quero acreditar em algo só pelo medo de não acreditar em nada.
Não quero filosofar, por medo que algo possa me atingir de perto
Não quero dobrar-me só porque tenho medo de não ser amável
Não quero impor algo aos outros pelo medo de que possam impor algo a mim.
Por medo de errar não quero me tornar inativo.
Não quero fugir de volta ao vellho, o inaceitável. Por medo de não me
sentir seguro de novo.
Não quero fazer-me importante porque tenho medo de ser ignorado.
Por convicção e amor quero fazer o que faço e deixar de fazer o que
deixo de fazer
Do medo quero arrancar o domínio e dá-lo ao amor
E quero crer no reino que existe em mim.

7 de outubro de 2013

As pedras e o caminho

Das Pedras

Ajuntei todas as pedras
Que vieram sobre mim.

Levantei uma escada muito alta
E no alto subi.

Teci um tapete floreado
E no sonho me perdi.
(Cora Coralina)



28 de setembro de 2013

Azuuuuul



Céu azul
pés azuis
e o mar loooooonge...

pensamentos voam e voltam
respiração profunda
coluna ereta
meu coração aqui dentro
 
quase tranquilo... 
 
 

25 de agosto de 2013

sementes de amor.... ao vento...

te amo... com tanto amor.... 
quero estar mais perto.. seja como for... 
amor que existe por si só, 
está no pensamento, 
no sentimento, 
na distância, 
na ausência... 
até que um dia...... 
de novo se encontra e continua sendo amor. 

Amor sem precisar de nada em troca. 
Amor de outras existências, 
sem corpo, sem pele, com alma. 
Amor de poesia, de melodia.. de família. 
De outras formas de comunicação, 
nem rádio, nem televisão.

Que toda essa beleza tão profunda que me lembro, 
esteja viva dentro de ti. 
Lanço a semente daqui 
pelos ventos secos e úmidos 
pra que chegue aí em você, 
germine, 
cresça 
e floresça 
lindas flores cheias de vida, 
cheia de luz e amor